Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Memória de Aula 01 por Wadlia Araújo Tavares

Pensei escrever de diversas maneiras esta memória. Tal exercício de escrita nunca me foi proposto, mas confesso que me sinto instigada a ter sucesso nesta empreitada. Seguirei minhas anotações de aula para relatar o andamento desta aula.

O primeiro contato foi de reconhecimento. A professora tentava conhecer seus alunos através da interessante introdução acerca do que seria crítica literária. Partindo deste ponto, a aula tomou proporções não previsíveis em um plano de aula, por exemplo: mencionaram as posturas de professores em sala de aula relativas ao tratamento do texto literário, falou-se em como evoluir na didática do magistério literário, expuseram a dificuldade de ingresso em cursos de pós-graduação como mestrado e doutorado etc.

Tais discussões entrelaçavam-se a explicações tão simples e, ao mesmo, tão ricas, para mim pelo menos, tais como o movimento necessário para criação de um leitor especializado partindo de um leitor comum, e que pode ser vista neste pequeno gráfico abaixo:

                                                           Crítica
                                                          Literária
                               Leitor Comum                        Leitor especializado


Foi extremamente interessante adquirir formalmente a informação de que textos da Antiguidade Clássica como Ilíada, Odisséia, Teogonia,  As rãs, Íon, A República, Fedro, Poética, Política e Retórica problematizaram questões literárias que no futuro tornar-se-iam essenciais para a teoria e crítica literária.

Um destes textos merece maior atenção, Poética de Aristóteles, por trazer conceitos-chaves como mímese, verossimilhança, catarse  e gêneros literários. Saber que a Escola Francesa de Semiótica não aceita as propostas de Poética foi uma surpresa e que até agora confesso não ter entendido plenamente.

Atribui-se aos gregos quase a totalidade da base de conhecimentos hoje veiculados pelo Ocidente. Dedicaram-se a dois problemas: a) distinção da literatura da não-literatura e b) formulação de um conjunto de preceitos que deveriam ser seguidos pelos escritores, a fim de que suas obras resultassem perfeitas.
Porém foi interessante observar a menção de nomes como Horácio. Este, em seus escritos, tentava trazer bons exemplos com sua postura mais moralista que a de Aristóteles. Os latinos, de forma geral, tentavam estabelecer a relação entre poesia e educação direcionando a uma formação do caráter e da moral.

Contudo há um ponto de contato entre gregos e latinos: ambos são preceituais ao estabelecerem as regras de escrita.

Saltando um pouco na linha do texto explicitada em aula, chegamos ao século XX no qual se observa que o que se pretende é o próprio texto segundo sua coerência interna.

E por fim foi apresentado um gráfico no qual foi sugerido a evolução temporal da Crítica e seus focos: I) No século XIX, o foco era o autor, tinha-se a crítica biográfica com SaintBeuve e a crítica impressionista com Anatole France; II) Na primeira metade do século XX, a obra está em evidência, firma-se então o New Criticism, o Formalismo Russo (no qual desenvolve-se a narratologia), a Estilística, o Estruturalismo e a Semiótica; III) Na segunda metade do século XX em diante, o leitor é o destaque, sustenta-se agora a Estética da Recepção e os Estudos Culturalistas (focalizados nos diversos contextos apontados pela e relevantes na Literatura).

Espero ter obtido êxito no relato desta memória de quatro horas de aula. Muito não foi mencionado até porque a memória não retém todas as informações que lhe chegam, porém o desafio inspirado foi consumado nestas poucas linhas.

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