Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Memória de Aula 08 por Annalies Borges


MEMÓRIAS DA OITAVA AULA DE TEORIAS LITERÁRIAS

Psicanálise e Literatura. Esta foi a temática da última aula teórica da disciplina de Teorias Literárias. Qual a relação existente entre essas duas áreas? Em que cada uma contribui para a outra? 

Sobre a relação de ambas pode-se dizer que desde o surgimento da Psicanálise com os estudos de Freud, a literatura esteve diretamente associada à Psicanálise já que os estudos de Freud têm como embasamento uma análise das relações existentes entre as personagens de textos clássicos gregos, tendo como exemplo o Complexo de Édipo e o de Elektra, surgidos a partir da análise do comportamento de seus personagens. Dessa forma, pode-se dizer que inicialmente a Literatura contribuiu para a Psicanálise, contudo atualmente ambas dialogam em estudos variados.

Freud em seus estudos também buscou identificar na literatura de que fontes os autores tiram seu material, que é capaz de despertar em quem lê emoções desconhecidas. Para ele, a brincadeira da infância é substituída na vida adulta pela fantasia e muitos elementos da fantasia são encontrados em obras literárias, talvez daí se explique o impacto que algumas obras trazem em seus leitores, já que o autor deixa sua fantasia ser representada através de metáforas ou da construção de situações e histórias que levam o leitor ao fascínio da leitura que de alguma forma atinge desejos, sonhos escondidos em seu inconsciente. Nesse ponto, um interessante fenômeno é o dos Best Sellers, obras que atingem um grande impacto por alcançarem um público muito grande e de culturas bem diferentes. Talvez tal fenômeno possa ser explicado pelo inconsciente coletivo. Para Jung, isso advém do padrão que se encontra em pessoas de lugares diferentes, ou o que ele denominou arquétipos. Tal necessidade de se aproximar de seus sonhos afastaria, portanto, o indivíduo de suas doenças. 

Os arquétipos de que fala Jung seriam modelos inatos presentes no inconsciente coletivo que servem de base para o desenvolvimento da psique humana, símbolos universais presentes em todas as culturas, que tendem a produzir em cada geração a repetição e a elaboração dessas mesmas experiências. Geralmente, na literatura, os personagens são construídos em cima dessa idéia de arquétipos, ou seja, símbolos que representam uma idéia universal de homem. O uso desse tipo de personagens não é impensado, mas sim colabora para que a história torne-se mais aceitável, uma vez que as personagens personificam imagens já presentes na psique do leitor.

Ainda sobre esse aspecto, um fenômeno recente do cinema brasileiro é o do filme Tropa de Elite, que não só tem sido um dos mais assistidos dos últimos anos na história do cinema brasileiro, mas cujo personagem protagonista e sua luta contra o crime organizado talvez seja o foco que leve as pessoas a não só assistirem, mas propagarem comentários sobre o filme diariamente. É um fenômeno de construção de um novo arquétipo de herói brasileiro ou seria também uma busca incessante de encontrar nas telas (daquilo que seria puro entretenimento) também um pouco de discussões sobre problemas que afetam nossas vidas direta ou indiretamente? O fato é que talvez o público se identifique com algumas questões que são trazidas pelo filme e o desejo coletivo de transformação que, de certa forma, é levado à discussão a partir do longa metragem em questão.

Para finalizar, discutimos em sala “o mistério do processo criativo” que também pode ser objeto de estudo da psicanálise associada à literatura e áreas afins. Nesse sentido surpreende a capacidade do autor de captar o que ninguém vê ou percebe e transformar em arte. 

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