Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

domingo, 7 de novembro de 2010

Memória de Aula 06 por Vania Tajra


Disciplina: Teoria Literária
Professora: Socorro Acioli
Aluno: Vânia Tajra

AULA 06: LITERATURA COMPARADA

Começo essas memórias entusiasmada mas com muitos questionamentos. Questionamentos que não existiam até o finalzinho da aula... antes do nosso querido amigo Fagner, me surpreender e desconstruir toda a fundamentação que pensei ter assimilado. Presto atenção nas colocações do colega, sempre tão ponderado, apesar da desconstrução. Instintivamente acho que aquilo que ele fala faz sentido. Acabo por me perder nas sensações e carrego de volta as dúvidas do começo... 

Começamos essa sexta aula falando dos conceitos sobre Literatura Comparada. A concepção do processo  coincide com o da própria literatura, o que me leva a acreditar que a comparatividade “sempre” existiu. Seu objetivo, não tenho dúvidas: confrontar duas ou mais literaturas. 

Logo no início concordamos que a palavra chave da literatura comparada é LEITURA. Assimilamos conceitos de Tania Franco Carvalhal, principalmente a parte em que é dito que “nenhum texto nasce ao acaso”. Nesse momento, me vem à cabeça uma frase de um filósofo canadense chamado McLuhan, responsável por frases célebres como “O meio é a mensagem”. McLuhan disse certa vez que “os meios andam aos pares”, lógico que ele se referia aos meios de comunicação de massa ( Rádio e TV), mas analiso a frase e a transporto para o momento atual... “Tudo é consequência”. E assim, me insiro no contexto da aula de hoje... analisando as frases e transportando para a minha realidade profissional o processo literário.

O assunto passa a ser então a Teoria da Residualidade. Fico imaginando de que forma “resíduos” possam fazer parte de um contexto literário. Então, o que que seria essa tal Teoria? Falamos sobre o professor da UFC, Roberto Pontes, sistematizador da Teoria da Residualidade, e subitamente, me vejo entendendo o que ninguém consegue entender. Percebo que a Teoria da Residualidade trabalha com resíduos na cultura e na literatura e concluo: “nesse contexto, nada é original”. Os resíduos seriam então, a estrutura atual baseada em elementos do passado, que hoje, formalmente, se aliam e servem como alicerce para novos contextos literários.

Feliz com essa “concepção”, caminhamos na literatura de Adriana Lisboa e seus “Amores Expressos”. Decido pesquisar sobre a escritora, de quem, confesso, nunca havia ouvido falar... Adriana Lisboa nasceu no Rio de Janeiro, morou na França, no Japão e hoje, mora nos Estados Unidos. Adriana Lisboa recebeu o Prêmio José Saramago por Sinfonia em branco, o Moinho Santista pelo conjunto de sua obra e o prêmio de autor revelação da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil por Língua de trapos. Em 2007, o projeto Bogotá 39/Hay Festival (Bogotá Capital Mundial do Livro) a incluiu no grupo dos 39 mais importantes autores latino-americanos até 39 anos. Ela foi ainda terceira colocada do Prix des Lectrices de ELLE, na França, com a edição francesa de Sinfonia em branco (intitulada Des roses rouge vif). Recebeu bolsas de criação e tradução da Fundação Biblioteca Nacional, do Centre National du Livre (França) e da Fundação Japão. Foi pesquisadora visitante no Nichibunken (Kyoto), na Universidade do Texas em Austin e na Universidade do Novo México.

Nesse momento, acho que caminho sozinha... Não percebo “quem” é essa escritora e nem sei porque ela foi citada durante a nossa aula. Mas como num passe de mágica, lá estamos nós, falando de Crepúsculo... Sorte da nossa colega, que trabalha com seus alunos da escola pública o “best seller” do momento. Discutimos sobre a recriação do processo e percebo que mais uma vez, estamos reconstruindo o atual na formatação do ontem. Levando esse pensamento para a Comunicação Social, me vem à cabeça, a questão do MIMETISMO MIDIÁTICO. Isso mesmo, estamos falando de MIMESI, ou seja, uma leve “imitação” de antigos contextos literários, que são reestruturados e escritos numa linguagem mais coloquial, aproximando o texto do leitor do século XXI. Na Comunicação Social, percebemos esse mesmo momento com relação à NOTÍCIA, principalmente, quando um meio de comunicação, “copia” do outro a informação, na tentativa de deixá-la atual, retendo o receptor.

Começamos a falar de Paul Van Tieghem, e estamos na década de 30, mais precisamente em 1931. Ele foi o precursor da “escola francesa”,  cuja metodologia baseava-se em 3 elementos: emissor, receptor e transmissor... (E lá venho eu, outra vez, buscar semelhanças e afinidades dessa época e dessa escola com a minha profissão, afinal estamos falando dos elementos básicos da principal teoria jornalística). E trabalhou a literatura comparada no continente europeu.

De volta à literatura analisamos os pontos básicos que levaram Van Tieghem a escrever seu nome nessa história. Para ele, a preocupação principal não era a estrutura interna do texto e sim, o contexto que envolvia esse texto, esse escritor. Ele se perguntava se ao ler uma determinada obra, o leitor (receptor) se questionava sobre a vida do autor, em que momento aquele livro havia sido escrito, o que levou o autor a escrever aquela obra, etc, etc, etc.
No Brasil, na década de 60, Tasso da Silveira absorveu integralmente o modelo francês de comparativismo e não apresentou nenhum inovação ou renovação. Seguindo as propostas de Van Tighem ele procurou definir fontes e influências, referindo-se a casos de imitação, empréstimo, filiação e importação (terminologia própria dos comparatistas da “escola francesa”). Tasso buscou, dessa maneira, definir “famílias literárias” através de um conhecimento erudito e enciclopédico, características básicas para traçar o perfil comparatista das grandes literaturas.

E quando dou por mim, estamos falando de Transtextualidade. Observo Ulisses “declamar” Carlos Drummond de Andrade... e me ponho a criar meus próprios “textos”... parafraseando Drummond.

A partir daí começamos a perceber melhor o texto. Entramos na Transtextualidade, ou seja, aspectos da textualidade, que para Gèrard Gennete, está dividido em 5 tipos de relações transtextuais:
* Intertextualidade: considerada como a presença efetiva de um texto em outro texto. Exemplificamos as citações, o plágio e a alusão.
* Paratextualidade: representada pelo título, subtítulo, prefácio, notas marginais, epígrafes, ilustrações... Este campo de relações, pelo que percebi muito vasto e inclui as notas marginais, as notas de rodapé, as notas finais, advertências, e tantos outros sinaisque cercam o texto, como a própria formação da palavra está a indicar. 
     * Metatextualidade: vista como a relação crítica, por excelência. É a relação de comentário que une um texto a outro texto.
     * Arquitextualidade: que estabelece uma relação do texto com o estatuto a que pertence – incluídos aqui os tipos de discurso, os modos de enunciação, os gêneros literários etc. em que o texto se inclui e que tornam cada texto único.
     *Hipertextualidade. Toda relação que une um texto (texto B – hipertexto) a outro texto (texto A – hipotexto).

 Quando chego em casa, passo por um processo de imersão... São tantas coisas acontecendo que acabo sem ânimo para escrever minhas memórias. Na verdade, o cansaço toma conta de mim. O tempo passa e a vontade não vem. Sento em frente ao computador... ensaio algumas linhas, mas o texto sentido, tocado... não surge. Entro em fase de questionamentos: estou bem dentro dessa disciplina? Decido então começar pelo final e respondo a mim mesma, o que esse estudo significou para mim essa semana. A resposta flui apenas no sábado seguinte... Quando reencontro o comparativismo e suas questões básicas. Percebo que em todo este estudo, procurou-se discutir o comparativismo no tocante de algumas questões que são básicas para a Literatura Comparada. Procurou-se mostrar uma linha evolutiva que ela seguiu, a fim de sustentar a tese de que ela muda de acordo com as correntes de crítica literária que vão surgindo.

Assisto a aula do sábado seguinte e só então me dou conta:
“Oh que saudade que eu sinto  da minha aula aos sábados...”

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