Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

sábado, 2 de outubro de 2010

Memória de Aula 01 por Thalyta Nascimento Nunes

Memória de aula – Aula 1

A Teoria Literária se encarrega de estudar os vários métodos de análise das obras literárias. Durante a primeira aula da disciplina, tivemos uma introdução que mostrava uma linha do tempo em que observamos de maneira sucinta as transformações de pensamento acerca do fazer literário e as correntes de estudo surgidas a partir daí. Vimos que os primeiros textos que se preocuparam com o fazer literário remontam à Grécia Antiga, com Horácio, Aristóteles e outros autores que representam um marco na história literária. Eles realizaram a chamada teoria Preceptística, a qual visava ensinar regras para se escrever bem. Além disso, se destaca o cunho moral dessa atividade, já que alguns desses autores determinavam que o texto deveria ter caráter educativo, portanto não seria adequado tratar de assuntos que poderiam ser maléficos à formação das pessoas, sobretudo das crianças. Há também os que são considerados os pioneiros da crítica, como Homero, por exemplo, que através de seus escritos realizava uma espécie de metalinguagem literária, preocupando-se em certos momentos de sua poética em refletir sobre os conceitos literários.

Depois desse momento, a crítica literária propriamente dita começou a se delinear, ou seja, passou a se voltar especificamente para esse fim. No início, a Teoria Literária se ocupava em achar na biografia do autor as justificativas para explicar o próprio texto. Além disso, existia uma corrente voltada à crítica impressionista, segundo a qual a análise do texto baseava-se nas sensações e até lembranças que o texto despertava naquele leitor-crítico literário. Essas duas modalidades de crítica atualmente estão mais relacionadas ao leitor comum, sendo que o leitor especializado deve se basear em outros critérios para realizar o estudo do texto, de acordo com outras correntes que surgiram com o passar do tempo e se voltaram mais para o texto propriamente dito, realizando também estudos aliados a outras disciplinas, como por exemplo, a Psicologia, para uma compreensão mais ampla das obras.

De uma maneira geral, os métodos de análise crítica podem ser agrupados em três divisões diferentes, cada qual evidenciando um aspecto relacionado ao texto. A primeira divisão, com desenvolvimento no século XIV, é centrada no autor e dela fazem parte a corrente Biográfica e a Impressionista. Na segunda, do século XX, se enquadram o Estruturalismo, a Semiótica, a Estilística, o Formalismo, em que a obra era o centro das observações. A última, também do século XX, abrange a Estética da Recepção e os Estudos Culturalistas, aquela privilegiando o leitor e os últimos, o contexto.

Pessoalmente, pretendo utilizar como método de análise as correntes mais estruturalistas, do século XX, dentre as quais se situa a Semiótica. Porém, se for coerente e necessário poderei também utilizar métodos centrados no contexto, como os Estudos Culturalistas.

É importante ressaltar que o estudo histórico da Teoria Literária permite uma visão mais crítica, mais consciente, nos auxiliando como profissionais a desvincular nossas atitudes de leitor comum do ponto de vista de leitores especializados, para que não caiamos na tentação de reduzir o texto a possíveis ou hipotéticas relações vida do autor - nossa vida - texto. Este é apenas um nível de análise, por vezes válido e esclarecedor, porém de certa forma limitado. Acima disso tudo, é preciso ter em mente que o estudo de texto nos dias atuais deve possuir um embasamento teórico bem definido, possibilitando investigar todo o trabalho de linguagem, de construção de sentidos.


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