Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Memória de Aula 02 por Ulisses Holanda de Oliveira


Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins
Ulisses Holanda de Oliveira
Professora Socorro Acioli

   Antes de minhas reflexões acerca da aula do 2º encontro, leia, por gentileza, este texto e diga que tipo de narrador você encontra nele. É um texto do gênero piada. Divirta-se!

Um deputado está andando tranqüilamente quando é atropelado e morre.    A alma dele chega ao Paraíso e dá de cara com São Pedro na entrada.
-'Bem-vindo ao Paraíso!'; diz São Pedro. Antes que você entre, há um probleminha.
Raramente vemos parlamentares por aqui, sabe, então não sabemos bem o que  fazer com você.
-'Não vejo problema, é só me deixar entrar', diz o antigo  deputado.
-'Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte:
Você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.
-'Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso diz o deputado.
-'Desculpe, mas temos as nossas regras. '
Assim, São Pedro o acompanha até o elevador e ele desce, desce, desce até o  Inferno.  A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe. Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os   quais havia trabalhado.
Todos muito felizes em traje social. Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em  que ficaram ricos às custas do povo.
Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar.
Quem também está presente é o diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas.
Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora.
Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe.
Ele sobe, sobe, sobe e porta se abre outra vez. São Pedro está esperando por  ele.
Agora é a vez de visitar o Paraíso.
Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que  andam de nuvem em  nuvem, tocando harpas e cantando.
Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna.
-' E aí ? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso.   Agora escolha a sua casa eterna.' Ele pensa um minuto e responde:
- 'Olha, eu nunca pensei .. O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar  melhor no Inferno.'
Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até o  Inferno.
A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo.
Ele vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos.  O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do deputado.
- ' Não estou entendendo', - gagueja o deputado - 'Ontem mesmo eu estive aqui  e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!!!'
O diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz:
-'Ontem estávamos em campanha.  Agora, já conseguimos o seu voto...' 
Essa tem que ser repassada  (não quebrem a 'corrente')
     VAMOS FAZER ESSA MENSAGEM CHEGAR AO CONGRESSO NACIONAL... REPASSE PARA TODOS SEUS CORRESPONDENTES... 

   E aí? Já respondeu? Se você disse narrador extradiegético, acertou. O papel do narrador apenas revela a participação ideológica de um certo autor implícito. É muito importante detectar o autor da fala em certos momentos de uma narrativa para se compreender melhor o texto. Mas se analisarmos o texto lido não como uma piada, mas como um texto conhecido como “corrente”? Certamente você diria que dois narradores, aquele primeiro implícito na narrativa, e o segundo, o próprio “autor implícito” na pessoa que enviou o texto. Ideologia, poder na palavra ou guerra na língua? Tudo subjaz à narrativa enquanto propulsora de uma imagem/mensagem/discurso.

   No texto literário, muita vez, a narrativa se organiza do ponto de vista de um sujeito que não pode ser confundido com o autor do texto, mesmo que muita vez o seja.É uma outra voz.  A polifonia de Backtine nos diz muito sobre essas vozes. Bom, professora, paro por aqui, porque não quero me alongar tanto. Adorei a segunda aula muito mais do que a primeira e espero a terceira. Se viajei de novo peço desculpas.

Abraço,
Ulisses Holanda

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