Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Memória de Aula 03 por Vânia Tajra


Disciplina: Teoria Literária
Professora: Socorro Acioli
Aluna: Vânia Tajra

AULA 03: NEW CRITICISM

E chegamos às memórias do nosso terceiro encontro.

Começamos essa caminhada fazendo uma retrospectiva acerca das duas aulas anteriores e obviamente, repassamos conceitos de Literatura e Narrativa. Por literatura, conceitualmente falando, entendemos ser a arte de criar e recriar textos, de compor ou estudar estudos artísticos, ou simplesmente, o conjunto de produções literárias de um país. Por narrativa, entendemos ser as histórias que se reportam a acontecimentos passados e específicos, e têm propriedades comuns. “Uma narrativa é a apresentação simbólica de uma sequencia de acontecimentos ligados entre sí por determinado assunto e relacionado com o tempo”

Algumas intervenções de colegas chegam a ser feitas relacionando aspectos sobre “teoria lietrária”... Eu, completamente “ignorante” no assunto, começo a me questionar : Será que o leitor ao desfrutar de uma obra, pensa em teorizar sobre ela? Será que a análise é feita observando os ângulos? Então nesse caso, o que seria essa “tal” da Teoria da Literatura? De repente, como num passe de mágica, surge a concepção do New Criticism. Percebo então, que esse conceito de Teoria Literária só é de fato consumado no Século XX com o surgimento das escolas de Nova Crítica, nos Estados Unidos e também com o Formalismo Russo. Ambas, as escolas, advogam que é necessário “compreender a estrutura da literatura e suas características”. Como conseqüência desse processo, volto à Teoria da Literatura e enquadro esse conceito em estudos que vão desde a literariedade, a evolução literária, os períodos da literatura, os gêneros, a narratividade, os versos, sons, ritmos até às influências exteriores...

Um outro momento nos traz o questionamento sobre a importância\não importância  da biografia do autor para entender o contexto de uma obra literária. Falamos de Rachel de Queiroz , romancista brasileira, nascida em Fortaleza – CE, em 1910, e primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Raquel começou como jornalista, e em 1930, ficou nacionalmente conhecida ao publicar o romance “O Quinze”, que mostra a luta do povo nordestino contra a seca e a miséria. Ao longo de sua vida, Raquel de Queiroz publicou vários outros livros, entre eles, “As Três Marias”, “João Miguel”, “Memorial de Maria Moura”... O grande questionamento nesse momento era saber se a escritora Raquel de Queiroz usou da sua vida\experiência pessoal para a construção de algum personagem... Em que momento ela esteve presente no livro “O Quinze”??? Ou em que momento ela foi de fato “Maria Moura”???... Então, seria importante a biografia do autor para entender o contexto literário? Ou seja, o fato de Raquel de Queiroz ser nordestina, ter vivenciado a seca e a miséria da região, facilitaram as narrativas das idéias? Ou simplesmente, tanto fez... vivenciar ou não aquele momento?

Passamos então a analisar a crítica impressionista. Como sou uma grande fã da pintura, (encontro nos pincéis, um alívio para os meus bloqueios), me remeto imediatamente a Claude Monet, que acaba sendo citado em sala de aula. Depois, já em casa, descubro que o termo “impressionismo” é derivado da obra “Impressão, nascer do sol” (1872), de autoria de Monet. Pela crítica impressionista, entendi que ela começa no Século XIX, e que é caracterizada pelo “eu acho”... pelo “eu sinto”... Importante salientar que o Movimento Impressionista começa pela pintura, que logo é seguida por movimentos análogos em outros meios, conhecidos como música impressionista e literatura impressionista.

Na literatura as obras impressionistas se caracterizam pela quebra com o passado, ou seja, são necessários poucos detalhes para se estabelecer as impressões sensoriais de um elemento ou cena. Para alguns autores, esse período da literatura é bem ligado ao Simbolismo.

A aula nesse momento caminha pra um relato de posicionamentos e “achismos”. Mas eis que de repente Ulisses entra na sala de aula. Fico observando-o por um minuto e já faço uma “análise semiótica” das roupas que veste, do jeito matreiro e do sempre bom-humor  daquela pessoa. Construo meu personagem do dia...
Sou chamada de volta à reflexão e um turbilhão de “nomes” se estampam na minha frente: T.S.Eliot, William Empson, I.A. Richards, John Crowe Ramson, W.K. Desses poetas, conheço pouco.... me sinto novamente “um peixe fora d’água”... e logo agora que começava a me inserir nesse contexto... mas com algum esforço, ainda recordo de Eliot...que teve influencia francesa, principalmente inspirado em Charles Baudelaire, que pelo que lembro, era do Simbolismo.

Saímos dos grandes nomes... e confesso, quase “morri de inveja”, dos colegas das Letras, que dominaram com sabedoria esse momento...e entramos nos principais conceitos do New Criticism. Mas o que é mesmo esse New Criticism?

Já posso dizer que ele surge na década de 30, nos Estados Unidos e ocupa uma posição de fato, nos estudos literários, entre os anos 40 e 50. Ele vem todo fundamentado na crítica Formalista (russa), que se opõe ao Marxismo. Seus princípios básicos são: aproximação intrínseca do objeto literário; exatidão, precisão e nitidez da descrição ( vi um pouco das caracteristicas do telejornal aqui); exigência da objetividade no tratamento da obra literária ( aqui também) e tendência anti-biográfica...

Suas propostas são: refazer a história literária em geral (seriam novos conceitos? Novas concepções? Uma nova forma de escrever?); utilizar o “close-reading”, que é uma leitura microscópica da obra; estabelecer o correlato objetivo, ou seja, utilizar um artefato linguístico capaz de produzir o efeito correspondente sobre o leitor, (se encaixariam aqui as falácias da intenção, que seria o significado da intenção do autor ao produzir um texto e emoção, que leva a uma avaliação da obra literária em função do que é produzido no autor?); e a tensão metafórica e paradoxal sobre as palavras

Mas quais seriam de fato os objetivos desse movimento? Conclui que através desse novo momento os leitores seriam capazes de atingir uma compreensão mais intuitiva e completa dos poemas. Talvez, pudessem ainda, reconhecer e diferenciar os “bons poemas” dos “maus”, através de um completo conhecimento da obra literária.

Conclusões à parte... chegamos à construção do nosso personagem e pelo visto, eu não fui a única a escolher Ulisses nesse dia. Nosso personagem surge como o nome de Ulissiel e é um anjo. Sua principal missão é proteger uma menina, maltratada pela madrasta, na Terra. Vários pensamentos... manifestações em forma de “brainstorm” e nossa estória vai fluindo... Mas o tempo é curto, as idéias são iguais e a estória não tem a sensação esperada... Pausa para um novo momento e quem sabe novas construções de personagens nos próximos encontros.

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