Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Memória de Aula 04 por Vânia Tajra


Disciplina: Teoria Literária
Professora: Socorro Acioli
Aluno: Vânia Tajra

AULA 04: FORMALISMO E ESTRUTURALISMO

Ainda não posso começar essa etapa afirmando ser “um peixe dentro d’água”... Ainda tenho dúvidas sobre o que é de fato um “texto literário”... Muitas vezes me pego pensando nas diferenças entre “narrativa e narratividade” e com relação ao New Criticism, preciso confessar, que ainda sonho com a construção do “personagem”... Ulissiel não me convenceu...

Por outro lado, me pego a cada encontro mais empolgada com as descobertas e isso me entusiasma. Chego em casa, após cada aula, ávida por informações. Nunca pensei que “literatura” fosse me fazer falta... Enfim, me deixo envolver pelas memórias do nosso quarto encontro... e como gosto disso!!!!

O nosso primeiro momento desse quarto encontro é pautado em conceitos e concepções de algumas etapas literárias. Começamos pelo Formalismo Russo.

O contexto mundial do século XIX é o da Primeira Guerra Mundial. Essa época é marcada pela expansão do Rádio, pelo cinema de Charles Chaplin e nas artes, pelo Cubismo e pelo Jazz. A Rússia vivia um período de profundas mudanças marcado pela Revolução Russa. Essas mudanças afetavam também as produções artísticas. Como consequência surge uma corrente crítica da literatura, chamada de Formalismo Russo

Essa corrente focava nos aspectos do texto literário e buscava chegar a uma ciência da literatura, que tivesse por objeto a literariedade do texto, ou seja, o objetivo era conhecer o texto profundamente, sem levar em consideração fatores externos, como a sociologia, antropologia e psicologia... A ordem era “transformar o texto em obra de arte”. Fizeram parte desse momento nomes como Roman Jakobson e Tzevetan Todorov, Mikhail Bakhtin, Vladimir Propp, Viktor Chklovski, Óssip Brik, Yuri Tynianov, Boris Eikhenbaum e Boris Tomachevski.

Alunos da Universidade de Moscou aderiram ao Movimento e criaram o Círculo Linguístico de Moscou, entre 1914 e 1915. O grupo igonorava as premissas filosóficas ou metodológicas e portanto, toda conclusão “abstrata”. O objetivo era realizar estudos nos campos da poética e da linguística, obedecendo os critérios estabelecidos para essa nova etapa literária, focados nos aspectos intrísecos do texto literário. Aliaram-se então ao grupo inicial do Formalismo, nomes de vanguarda da literatura como Maiakowski, Pasternak e Asseiev. 

A primeira publicação do grupo foi A Ressurreição da Palavra, de Viktor Chklovisky. Logo depois foram publicadas a Cletânea Poética, de Óssip Brik. Em um certo momento entretanto, as idéias Formalistas confrontaram com as teorias Marxistas. Os marxistas pregavam a poética atrelada à realidade social e os formalistas acreditavam no sentido exato da palavra e não na expressão do pensamento do autor. Roman jakobson dizia: “ A poesia é linguagem em sua função estética. Deste modo o objeto de estudo literário não é a literatura e sim a literariedade, ou seja aquilo que torna determinada obra uma obra literária.”

Vladimir Propp é um dos nomes que mais se destaca neste momento. Ele é fundador da Teoria da Narrativa, ou Narratologia, baseada no enredo de contos populares russos. Propp, que fazia parte do Formalismo, encarava os contos como algorítmos combinatórios (e eu, pensando que Matemática, estava fora da Literatura). Para Propp todas as narrativas dos contos eram repetidas e apenas os seus personagens eram alterados. Em 1928, ele escreve “A Morfologia dos Contos de Fadas”. Nessa obra Propp estabelece os elementos narrativos encontrados nos contos folclóricos russos e estabelece para esses contos 7 classes de personagens, 6 estágios de evolução narrativa e 31 funções narrativas do drama.

Outros grupos foram surgindo pelo mundo utilizando as premissas do Formalismo Russo, ou seja, “desmontando o texto e olhando para dentro”. São eles o Círculo Linguístico de Praga, fundado por Roman Jakobson, em 1926; a Escola de Tártu, na Estônia e o Grupo Tel Quel, na França, onde começam os primeiros pensamentos Estruturalistas.

Termino de fazer a minha “análise” sobre o Formalismo. Releio o que escrevi. Mas ainda me questiono: o que faz um texto ser bom?? 

Uma discussão ganha ritmo quando começamos a falar sobre Literatura e Linguística. Parece existir uma “batalha de ego” entre os estudiosos das duas áreas. E como se não bastassem os conceitos que já temos que absorver, “nosso querido Fagner”, surge com mais um:  o multimodal. Reflito sobre esse novo momento... Penso em “pluralidade”...talvez. Ou quem sabe vários significados? Mais de um código semiótico? Viajo no tempo e no espaço: “eu quero uma casa no campo...” Me vem uma sensação de paz e quando percebo, estamos caminhando pelo Estruturalismo.

Para muitos estudiosos, o Estruturalismo vem baseado no pensamento de Ferdinand Saussare. A linguística de Saussare se fundamentava no estudo da língua e do uso coletivo, desprezando o individual. Saussare considerava a língua homogênea e dinâmica. Saussare lança as bases para a compreensão de conceito de estrutura, idéia que acaba se difundindo e constrói a tendencia Estruturalista. Após sua morte, muitos estudiosos da época, buscaram nos seus escritos, a fundamentação para a Corrente Estruturalista Pós- Saussariana. Mas o que seria um texto “estruturalista”? Seria a análise do discurso, antes da existência da obra? Seria o objetivo em detrimento do subjetivo? Nesse caso, estaríamos falando de “impressões” e “juizo de valores”?

O primeiro estruturalismo do qual falamos em sala de aula foi o Estruturalismo Eslavo. Nesse momento destacamos nomes como Roman Jakobosn, que também aparece no Formalismo e Iara Mukarovsky. Logo em seguida caminhamos pelo Estruturalismo Francês, na década de 60 e nomes como Roman Jakobson aparecem outra vez, se destacando na linguagem e na poética. Claude Levi, se destaca nessa época na antropologia e Greimas (Wadlia....) acaba surgindo com o destaque para a Semiótica. Mas essa época tem em Roland Barthes seu maior difusor. 

A crítica Estruturalista distinguia-se por analisar as obras literárias por meio da Semiótica ou Ciência dos Signos. Os estudos de Mikhail Bakthin, sobre Linguística e os conceitos de Jakobson de análise estrutural da linguagem, poesia e arte, foram de extrema importância para os estudos modernos nos campos da Linguística e da Teoria da Literatura.

O pouco tempo que nos restou no final da aula foi marcado por outros pensamentos, como a Semiótica das Paixões, tão bem detalhada por Wadlia e o encontro memorável da professora com o escritor Paulo Coelho...







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