Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Memória de Aula 05 por Ulisses Holanda de Oliveira


Nesta quinta memória tratarei das 7 teses de Hans Robert Jauss. 
Texto longo e exaustivo, porém interessante. Contudo a aula foi mais empolgante. A professora estava mais dona de si. Os alunos mais interessados. 
Com a leitura do texto percebi que a Estética da Recepção, objeto de análise desta memória e corrente literária de Jauss, é bastante utilizada em análise nas salas de aulas. Percebi isso com a leitura do texto, as observações dos meus colegas de “conversas paralelas” e com as explicações de my teacher
Um dos precursores da Estética da Recepção, Hans Robert Jauss dá início a um novo ciclo de estudos literários, sugerindo outros caminhos para a teoria e história da literatura. O público passa a ser considerado fator fundamental em sua proposta: 
“a história da literatura é um processo de recepção e produção estética que se realiza na atualização dos textos literário por parte do leitor que os recebe, do escritor, que se faz novamente produtor, e do crítico, que sobre eles reflete”. 
Vamos às observações. Primeira: A crítica de Jauss à história da literatura baseia-se no fato de que, em sua forma habitual, a teoria literária ordena as obras de acordo com tendências gerais; ora abordando as obras individualmente em seqüência cronológica, ora “seguindo a cronologia dos grandes autores e apreciando-os conforme o esquema de ‘vida e obra’” (JAUSS, 1994, p.6). 
Vamos agora dar um passeio rápido sobre as 7 teses de Jauss. Em relação a 1ª tese: “ A obra literária não é um objeto que exista por si só oferecendo a cada leitor em dada época um mesmo aspecto” e  “a literatura como acontecimento cumpre-se primordialmente no horizonte de expectativas dos leitores, críticos e autores, seus contemporâneos e pósteros, ao experienciar a obra”. A primeira tese diz que a obra literária tem caráter dialético e os fatos nada mais são do que resíduos desse processo; sem leitores para reatualizar a obra, ela perde toda a ação, energia e existência. 
Na tese 2 vi que a obra literária em contato inicial com o leitor não se apresenta como novidade absoluta, mas ela desperta a lembrança do já lido e conduz o leitor a determinada postura emocional, antecipando um horizonte geral da compreensão. E ainda determina que a análise literária deve reconstituir o horizonte de expectativa do primeiro público da obra, isto é, o sistema de referências que resulta de três fatores principais: a experiência preliminar que o público tem do gênero com que ela tem a ver, a forma e a temática de obras anteriores, cujo conhecimento pressupõe, e a oposição entre a linguagem poética e a linguagem prática, mundo imaginário e realidade cotidiana. Ufa!   
A terceira tese determina que, entre o horizonte de expectativa do público e a experiência nova de uma obra, um escrito estético medido pelo sucesso, pelo escândalo, pelo fracasso, pode tornar-se critério da análise histórica, estabelecendo o valor artístico da obra de acordo com sua recepção. Vimos o exemplo de Gustave Flaubert com o livro Madame Bovary e Feydeau com seu Fanny. 
Já na quarta tese, Jauss propõe o conceito de fusão de horizontes, a ocorrer quando as questões a que a obra respondia no momento da primeira recepção são compreendidas, portanto, como os leitores da sua época poderiam tê-la compreendido. Importante ressaltar que se evite o anacronismo de olhar a obra como foi vista no passado e ter isso como única possibilidade de compreensão. “Quando a obra passa de um contexto histórico para outro, novos significados podem ser dela extraídos”. (EAGLETON, 1997, p. 98).  
O aspecto diacrônico, exemplificado na quinta tese, diz respeito à recepção da obra literária ao longo do tempo, e deve ser analisado, não apenas no momento da leitura, mas no diálogo com as leituras anteriores. Esse pressuposto demonstra que o valor de uma obra literária transcende à época de sua aparição e o novo não é apenas uma categoria estética, mas histórica, porquanto conduz à análise. A contemplação diacrônica somente alcança a dimensão verdadeiramente histórica quando não deixa de considerar a relação da obra com o contexto literário no qual ela, ao lado de outras obras de outros gêneros, teve de se impor. 
A partir do aspecto sincrônico, abordado na sexta tese, a história da literatura procura um ponto de articulação entre as obras produzidas na mesma época e que provocaram rupturas e novos rumos na literatura. 
A relação entre literatura e vida, explicitada na sétima tese de Jauss (1994), pressupõe uma função social para a criação literária, pois, devido ao seu caráter emancipador, abre novos caminhos para o leitor no âmbito da experiência estética. 
Deixo aqui minha opinião em relação a esse estudo: foi muito proveitoso! Espero ser assim também a próxima aula, que vai abordar a literatura comparada. Entretanto não me agradou muito o texto escolhido, pois está muito fragmentado e pouco claro. 

No mais, um abraço a todos!


Sites pesquisados e utilizados nesta memória:
http://www.fw.uri.br/publicacoes/literaturaemdebate/artigos/n2_12-VIAGENS.pdf
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/LinguaPortuguesa/artigos/EST_RECEP_TEORIA_EFEITO.pdf

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