Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Memória de Aula 03 por Carlos Rangel Sousa Ferreira


Disciplina: Teorias Literárias
Prof: Socorro Acioli
Aluno: Carlos Rangel Sousa Ferreira

Memória de Aula 3 – 02/10/2010

Personagem

Esta terceira aula do curso de teoria literária, após traçarmos uma línea divisória entre o autor e o personagem. Entendo que os dois estão em planos diferentes (real x imaginário). Iniciamos agora a discussão sobre as correntes de estudos literários do século XX.  

Assim, entendemos que até bem próximo ao inicio de século XX o que se falava sobre teoria literária estava alicerçado nos conceitos clássicos sobre literatura. Em autores como Platão e Aristóteles e que durante quase toda a história ocidental muito pouco ou quase nada foi discutido sobre os aspectos do fazer literário.

Entendidos os aspectos apenas direcionadores desta discussão, nos enveredamos no estudo da primeira grande corrente de estudos literários do século passado, A Nova Crítica (New Criticism), que rompe com o biografismo e propõe a leitura da obra sob a perspectiva do texto que a compõe – texto pelo texto – dando-lhe autonomia.

Em sua trajetória a principal ferramenta de estudo dos novos críticos foi a poesia. Neste sentido, o texto ganha status de entidade e que sua composição seria suficiente para o seu entendimento. Ou seja, dessa forma pensamentos que até aquele momento tinha grande força dentro da crítica literária caem por terra, como: entendimento do texto como tendo a intenção do autor o que leva também a idéia de que o texto (poesia) seria veículo de doutrinas e idéias particulares. E dá vida a leitura minuciosa do texto como organismo, o que se chamou de close reading. Além de conceito como o correlato objetivo, que seria a seleção consciente de elementos poéticos que causam emoção no leitor.

Esta corrente muito me chamou atenção durante o período de graduação, pois nunca consegui entender como concebiam que o texto não tem em sua construção uma intenção autoral e, ao mesmo, tempo cria-se o correlato objetivo que, em miúdos, para mim seria a mesma coisa da intenção. Mas, por sua contribuição em dar autonomia ao texto, pude ver com olhos diferentes os elementos estruturantes da poesia que a muitos desagrada por ser densa ou mesmo ilógica. Vejo isso em meus alunos, que por muitas vezes me questionam porquê de existir tal tipo de texto se não há interpretação única ou mesmo clara.

O que podemos também acrescentar sobre o debate, é a leitura do texto de Foster sobre a personagem. De forma bem romântica ele tece comentários sobre como são construídas as personagens dos romances. Claramente diz que homem sapiens e homo fictus são bem diferentes, mas mantém entre si os traços comuns de identidade, já que o primeiro dá vida ao segundo, mas que este segundo não terá os mesmos caminhos de seu criador. Indica também que a identificação de um bom personagem não pode fugir das semelhanças com o real, frisando que, enquanto o real, a vida possui ocultos, no imaginário (no romance) a vida daquele que está sendo descrito pode ou não ser completamente conhecida depende do autor( romancista). 

            Diferentemente da grande quantidade de críticas dadas ao texto pelos companheiros de turma, penso que Foster, a seu tempo, desenha muito bem o personagem, pois dá a possibilidade de comparar e construir um concepção conjunta entre leitor e autor.

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