Blog dos alunos da turma III da Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Memória de Aula 02 por Vânia Tajra


Disciplina: Teoria Literária
Professora: Socorro Acioli
Aluno: Vânia Tajra

AULA 02: TEORIA DA NARRATIVA

Começamos esse segundo encontro relembrando conceitos de literatura e analisando dentro de uma sociedade diversificada, o que caracterizava um texto literário. Para melhor ativar minha memória, caminhei nas minhas pesquisas e buscas e pude concluir que a definição de literatura está amplamente ligada à idéia de estética. Vimos em sala de aula que algo é literário “quando causa surpresa” ou estranhamento. Na linguagem universal da literatura, significa dizer que um texto é literário quando provoca um efeito estético e quando provoca catarse. Nesse momento precisamos fazer referência à obra A Poética, de Aristóteles, que abre espaço para o estudo da tragédia e dela destaca pontos fundamentais de um processo literário, tais como verossimilhança, catarse e mimesi...

A partir desse contexto começamos a visualizar um “bom texto literário”. O que seria? Qual a sua estruturação? Como fundamentá-lo? Depois de várias reflexões, concluímos que um bom texto literário é aquele que mostra um propósito, ou seja trabalha com aspectos conotativos, na esperança de causar efeitos no receptor. 

“Um bom texto literário é, portanto, aquele que pretende emocionar e que, para isso, emprega a lingua com liberdade e beleza, utilizando-se muitas vezes do sentido metafórico das  palavras”

Partindo desse ponto, chegamos a nomes de alguns autores nacionais e internacionais, e através de posicionamentos avaliamos o papel do “best seller”, sua natureza, seu conteúdo e principalmente sua qualidade.

Thalita Rebouças, uma nova escritora brasileira e autora de uma série de livros que vêm encantando jovens, foi um dos nomes citados. Através das suas obras “Fala Sério...” e “Tudo por um...” questionamos o que leva um livro a se tornar “best seller”.

Como jornalista, não pude deixar de “entrevistar” minha filha de 13 anos sobre esse novo “fenômeno” da literatura brasileira e que eu, só vim “perceber” na minha aula de especialização...

Laís, a minha filha, entrou no quarto saltitante... Me falava de alguma coisa que não prestei atenção, já que estava envolvida nas minhas pesquisas de aula... e visitando o site da escritora Thalita Rebouças. Perguntei se ela, Laís, já tinha ouvido falar em uma série de livros chamada “Fala Sério...” . Um sorriso se estampou no seu rostinho mimoso, ainda de aparelhos nos dentes... Nem precisei falar o nome do autor do livro. Ela, já sabia de cor. E tinha lido sim, na casa de uma amiguinha, de sua mesma idade. Perguntei o que fazia “aquele” livro tão especial. Laís, disse que o livro era “legal e interessante” porque repassava situações do dia-a-dia, de forma exagerada, o que tornava o conteúdo engraçado e não enfadonho. Acrescentou ainda que lendo aquele livro, via um reflexo da sua vida de adolescente, não em todas as situações, mas em muitas delas. Caracterizou a linguagem como fácil e “acessível” e quando questionei o que de fato, tornava aquele livro tão “espetacular” ao invés do livro A Pata da Gazela, de autoria do romancista José de Alencar,  que ela está obrigada a ler pela escola, ela foi enfática: “a realidada da linguagem, o uso de gírias e a proximidade dos meios eletrônicos, utilizadas no livro, fazem com que eu me sinta mais próxima dessa realidade.”

Como conclusão, achei que os livros da Thalita Rebouças, despertam no receptor uma projeção do seu próprio “eu”. Fui buscar então, explicações sobre esse fenômeno, em autores consagrados e cheguei ao livro “Simulacros e Simulações”, escrito em 1981, por Jean Baudrillard, sociólogo e filósofo francês. Nesta obra, Baudrillard fala das três ordens dos simulacros: a imitação, a produção, ou a cópia mecânica e por fim a simulação, onde interagimos com representações, símbolos,  imagens, ícones, achando que é o original. E fiquei a me questionar... será que o que torna o livro um best seller é essa relação de proximidade com o receptor?

Conversamos também sobre o livro “Comer, Rezar, Amar”... da escritora americana  Elizabeth Gilberth. O livro, já na contra-capa diz o seguinte: “A busca de uma mulher por todas as coisas da vida na Itália, na Índia e na Indonésia... Seja também a heroína de sua própria jornada”. Novamente me fiz questionamentos estranhos... mas lembrei que li o livro...e pasmem... gostei!!! Fui até o final... e me encantei com cada detalhe descrito de forma simples, sem a complexidade dos grandes autores e principalmente, pela identificação de alguns  momentos pessoais...

O que faz de livros como esse “best sellers”? Talvez o fato do livro ser popular entre os leitores, incluido na lista dos mais vendidos e por isso, considerado, “literatura de massa”, levando em consideração, é claro, o consumo. Verdade ou não... fazemos parte desse contexto...

No segundo momento da aula discutimos a questão da Teoria da Narrativa. Mas o que é narrativa? Alguns colegas questionaram diferenças entre narrativa e narratividade... comentários, que confesso, passaram despercebidos por mim... já que naquele momento, estava caminhando por outros caminhos... quem sabe a narrativa da minha vida???

Mas como num passe de mágica, Ulisses, se fez presente, e numa de suas “engraçadas”, mas sempre inteligentes tomadas, voltei à realidade da narrativa e sua análise estrututal. E lá vamos nós, percorrendo o discurso e entendendo que narrativa, segundo Edward Forest Morgan,  nada mais é que “ todo discurso que nos apresenta uma história imaginária como se fosse real”.

Para alguns autores entretanto, a narrativa literária costuma se apresentar em forma de prosa, mas pode tembém ser feita em versos. E lendo alguns autores, constato que existe sim, uma diferença entre narrativa e narratividade. Na Wikipedia, (não comentem a fonte), vi que a partir do século XX surge uma corrente baseada no estruturalismo, que começa a trabalhar a Teoria Semiótica da Narrativa que porpõe-se estudar a narratividade em geral... Esse grupo foi encabeçado por Roland Barthes e os estudos pretendiam encontrar uma “gramática” da narrativa, mais ou menos como Saussare encontrou para a fala. Roland Barthes, mestre no estudo da narrativa, afirma que "a narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades, começa com a própria história da humanidade.

“É fruto do génio do narrador ou possui em comum com outras narrativas uma estrutura acessível à análise”.

Confesso que me senti meio perdida nesse contexto... Passamos então de forma muito rápida pelos modos de presença do narrador num texto literário. Percebi que temos o Narrador Pressuposto e o Narrador Personagem. O pressuposto é aquele que não aparece, obviamente, não tem nome. Essa categoria se subdivide em narrador onisciente neutro, que é considerado utópico, já que praticamente não existe; onisciente intruso, onde encontramos o narrador que analisa; onisciente seletivo, onde enquadra-se o escritor Saramago e narrador-câmera, que mostra tudo o que é possível ser mostrado. Do narrador personagem, confesso, entendi pouco, ou quase nada, mas percebi que ele é o principal da história. Não saberia falar das suas subdivisões, a não ser que pesquisasse, coisa que no momento... não quero fazer.

Não pontuamos as características, mas através da apostila, pudemos chegar ao final da aula. Recebemos o livro “Os Maias”, e analisamos o seu narrador. Concluímos então ser ele, um narrador pressuposto onisciente intruso. Durante seu relato no livro, por várias vezes ele interrompeu a narração dos fatos ou a decsrição de ambientes para tecer considerações e emitir julgamentos de valor...

Ouvimos as demais considerações dos colegas com relação aos livros analisados e assim... nos despedimos, em busca do terceiro capítulo da “nossa história”.

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